Contracultura!

Nos anos 1960 todos os nossos tropos contraculturais ocuparam as ruas em alto e bom som ao mesmo tempo. Parecia que alguma espécie de prisão psíquica tinha sido aberta e todos os jovens estavam tentando escapar de lá. Maior liberdade para os indíviduos em pensamento, expressão e comportamento entraram em atrito - e tentaram se fundir - com uma crescente sensação de responsabilidade coletiva pelo fim da guerra, da pobreza e da injustiça. Os ideais libertários do Iluminismo colidiam com a busca poética dos românticos de contato humano mais profundo, experiência e libertação da alma, dando luz a movimentos culturais e políticos baseados no desejo de criar uma sociedade que fosse ao mesmo tempo humana e arrebatadora...Agora!

No limite dessa explosão contracultural as exigências de liberdade no corpo do indivíduo (e, por extensão, em sua mente). Não apenas os indivíduos conscientes têm o direito de usar em seus corpos o que e quem quiserem, como os corpos não devem se estorvados por roupas desnecessárias. Correntes antimaterialistas despertadas por movimentos como o transcedentalismo e os beats se transformaram em uma tentativa de viver no agora eterno, como se controles burocráticos, regras de propriedade e a suposta necessidade de vender o tempo para ganhar a vida fossem apenas cansativas barricadas a serem ignoradas, ao redor das quais dançar e depois, finalmente, serem derrubadas. Como escreveu Richard Miller, tudo dizia respeito à "liberdade, significando ausência de controle emocional, cultural e mesmo biológico. (...) Essa idéia (...) é Autonomia."

Ken Goffman, in Contracultura através dos tempos, do mito de Prometheu à cultura digital, 2004. Ed. Ediouro

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