Saiobá, saiobá, saiobá, saiobá, saibaba!

Pois você passa e não me olha
Mas eu olho pra você

Você não me diz nada
Mas eu digo pra você

Você por mim não chora
Mas eu choro por você

Você por mim não chora
Mas eu choro por você

Tim Maia por ele mesmo!

"O que tem de jovem velho, cara! Não tá no gibi!"

"EUA são fantásticos. Eu também sou americano, do sul."

"O ser humano nasce maravilhoso e fica chato, depois ele volta a ser maravilhoso e fica chato aí depois ele fica chaaaaato."


Ouça o disco!

Tom Jobim
Stone Flowers

Fui a SP para um casamento de um grande amigo e outro grande amigo, dos maiores, me aplicou essa pérola. Talvez um dos discos que mais me impactaram no primeiro escutar.

Tom Jobim era gênio, sim. E esse disco é a maior prova disso.

Blogs Unidos


O Blog do Juca Kfouri apoiou, então confio!


Imagem


Foto tirada em um protesto realizado por entidades mulçulmanas na Índia contra o atentando impetrado por organizações fundamentalistas islâmicas contra vários alvos na cidade de Mumbai, matando quase 200 pessoas.

Nem todo mundo pensa como esses assssinos! Nem mesmo aqueles que professam a mesma fé.

Foto: Amit Dave/Reuters

Relatório de Inteligência

Nos EUA, a cada 4 anos, é redigido um relatório sobre tendências globais chamado de Global Trends, que vale como uma predição do que vai acontecer no mundo em diversas áreas. O mesmo é elaborado pelo Nacional Intelligence Council, orgão do governo americano.

O lançado hoje chama-se Global Trends 2025.

E o mesmo traz afirmações sérias, como o declínio do poder militar americano, uma nova configuração econômica mundial e novos pólos de poder.

Eis algumas afirmações:
  •  A atual crise financeira marca o início de uma grande mudança na economia global;
  • O dólar vai perder consideravelmente seu valor;
  • Haverá transferência de renda do Ocidente para o Oriente;
  • Os EUA continuarão sendo o país mais poderoso do mundo. Mas perderão parte de sua influência para países como China, Índia, Brasil e Irã.
  • Nos "próximos 20 anos de transição para um novo sistema estão cheios de riscos" para os EUA;
  • Até 2025, o mundo pode se tornar um lugar mais perigoso, com menos acesso das populações à comida e água.
  • Com novos pólos de poder, o mundo terá mais conflitos do que na época da Guerra Fria, marcada pela bipolaridade entre EUA e União Soviética.
  • O aquecimento global e a escassez de recursos naturais provocarão guerras no futuro;
  • A disseminação de armas nucleares também deve crescer. Estados vistos como "párias" e grupos terroristas terão acesso a artefatos nucleares;
  • Para a inteligência americana, a ação dos líderes globais será decisiva para os rumos do planeta.
Até aí nada de novo. Vejo apenas como confirmação a várias teorias hoje propaladas por aí. Mas uma coisa me faz pensar: o último item, acerca da ação dos líderes globais. Aí coloco a necessidade de liderança não apenas personalistas mas institucionais, com novas e fortes instituições globais.

O mundo não vai mudar muito. O que pode mudar é a atuação multilateral, trazendo novas ações, concertadas, a fim de mudar o que não anda dando certo. 

A ONU, se reformada, pode ser essa instituição.

Miriam Makeba

Miriam Makeba, recém falecida, é uma daquelas cantoras que vou me lamentar o resto da vida por não ter visto um dos seus shows.

Gosto do som, da história dela, do jeito, das roupas, do som, das letras. E do olhar.

Escute-a abaixo.
É bom, pode experimentar.



Saiba mais sobre ela clicando aqui!

Gil

"Viver
É simplesmente um grande balão
Voar
Pro céu azul é a missão"


....

O período composto e o professor!


Em boa parte da minha vida escolar fui aluno da Escola da Comunidade Dr. José Ferreira, em Uberaba. Escola boa, de bons professores e de formação social intocável.

Aprendi muito, despertei vocações.

As aulas de geografia eram fantásticas, onde aconteciam coisas boas. Nelas tentava entender o mundo pelo mapa mundi que a Professora Célia levava para a aula e colocava no quadro negro. Achava genial ela fazer aquilo. Eu ficava com o mundo na frente durante 3 horas por semana, 12 por mês, 120 por ano. 

Não há como isso não despertar curiosidade.

Devo à Professora Célia Campos a minha vontade de entender as Relações Internacionais.

Lembro de entrar na escola todos os dias e ler, escrito na parede, em letras garrafais "por mais ásperos tortuosos que sejam os caminhos até as estrelas, um dia, certamente, lá chegaremos."

E devo ao Professor Danival o meu gosto pelo português, apesar de ter tido apenas uma aula com ele durante toda a minha vida escolar, sobre período composto, a arte, na minha opinião, de juntar diferentes idéias e articulá-las com certa qualidade comunicativa, uma idéia acabada, em apenas um período.

Lembro-me como se fosse hoje ele falando da importância do período composto. E nunca esqueci.

Anos se passaram e recebo esse email do Prof. Danival:

"Por outro lado, precisamos da sua ajuda com vistas a obter traduzidos em língua portuguesa os estatutos da sua ONG e de outras que possam nos servir ao propósito de no grêmio estudantil do colégio ultrapassarmos os muros do colégio e constituirmos legalmente a condição de alunos, funcionários, professores e pais de alunos poderem atuar na comunidade, sobretudo a periférica de Uberaba, nas questões relativas a saúde, habitação, educação, lazer, diversão e arte, dentre outras coisas, num processo em que os problemas da comunidade passam, em sua solução, pela participação de todos os membros da comunidade escolar sem a preocupação senão a de promover a cidadania sem, no ambiente escolar, adotar as braçadeiras partidárias, mas adotando os elementos de consenso que permite aglutinar todos naquilo em que todos nós concordamos evitando a dispersão que questiúnculas possam nos dispersar."

Apenas um ponto final. E as idéias bem articuladas. Bonito, não?

Obrigado, Escola Dr. José Ferreira.

Fica aqui a minha homenagem, estendida a todos os professores que tive na vida. 
Nobre profissão!

Ouça o disco!

Isaac Hayes
Hot Buttered Soul
Soul

Voltei de viagem afim de escutar um som bacana. Revirando a minha discoteca encontrei essa pérola da soul music que nunca havia escutado.

E, depois da paulada nos tímpanos, sinto-me na obrigação de compartilhar.

Isaac Hayes, grande músico americano, recém falecido, lançou esse álbum para romper barreiras na música negra americana. Com apenas 4 faixas magistrais, longas, quebrou o padrão das músicas de 3 minutos, funkeando, trazendo guitarras e cantando com a voz ainda mais bonita.

Incrivelmente bom. Vale a pena até mesmo buscar um vídeo de uma das músicas no you tube!

Vídeo:

Walk on By

Viagem a Cingapura

Duas coisas para se fazer em Cingapura: aproveitar a hospitalidade das pessoas e seguir as regras. Se você fizer isso, terá os melhores dias da sua vida.

Essas foram as palavras do taxista que me pegou no aeroporto de Cingapura. Bom, exageros a parte, pode apostar que ele chegou bem perto.

Cingapura é uma ex-colônia inglesa situada num ponto privilegiado do planeta, entre o Índico e o Pacífico, o que a transformou numa rota comercial bastante lucrativa.

Com uma heterogeneidade incrível e uma coexistência pacífica entre etnias distintas como chineses (80% da população), malaios (5%) e descendentes dos povos hindus e mulçulmanos do sub-continente indiano. É muito interessante ver um templo hindu no meio de Chinatown. Dizem que o bairro de Little Índia é igual a Calcutá.

A pujança econômica da cidade assusta, arranhas-céu, carrões, telões, imensos shopping centers, todo mundo falando ao celular. Mas ao contrário do que diz um amigo meu que foi ao Japão, aqui as ruas não são silenciosas. É a presença de tantas etnias que faz Cingapura pulsar. É o cheiro de incenso em todos os cantos, é o empreendedorismo, a diversidade religiosa. E olha que também há muitos ocidentais.

Me parece um pais preparado para o mundo, para uma crescente globalização.

Com leis duras, ninguém me pareceu reprimido, me dando a sensação de que os lugares públicos são respeitados simplesmente por serem públicos. Não encontrei quase nenhuma sujeira, nenhum cocô de cachorro e nenhuma guimba de cigarro no chão. Dá pra ver que é possível as pessoas não sujarem os lugares públicos.

Uma viagem altamente recomendável para quem gosta de diversidade. E outra: a Ásia é que é realmente uma experiência cultural chocante. Sentar nos três primeiros restaurantes em uma viagem e tudo o que se pede não se conseguir comer é diferente de tudo o que já vivi. Quase nada aqui é igual aí.

Mais 5 dias de Cingapura. Postarei mais curiosidades depois.





Maputo

Reproduzo abaixo um post do Blog Pé na África (link à direita), do jornalista Fábio Zanini, sobre Maputo, a capital moçambicana, lugar que me traz boas memórias, grandes saudades.

É uma descrição perfeita da cidade, de suas ruas e de seu povo. Confesso que me emocionei.

Maputo: brisa, silêncio e pastéis

MAPUTO (MOÇAMBIQUE) – É a segunda vez que venho a Maputo (a primeira foi há cinco anos), e embora a capital moçambicana esteja muito mais movimentada agora, com o som de britadeiras provando que esta é uma economia em expansão rápida, a cidade continua intrigantemente pacata.

Ontem à tarde fui dar uma volta pelo centro e a pergunta que me fiz foi: isso aqui é mesmo o centro? O estereótipo da capital africana, congestionada, barulhenta, feia e suja, aqui não se aplica. Não se trata de repetir a máxima consagrada pelo presidente Lula, de que “é tão limpinho que nem parece a África”. Maputo é uma cidade decididamente africana, com suas minivans atropelando quem bobear no meio da rua, camelôs vendendo DVDs piratas e máscaras artesanais, e os inevitáveis anúncios de feitiçaria.

Mas tem um toque meio caribenho, avenidas largas, o oceano Índico na paisagem, e mais árvores do que você jamais verá no centro de São Paulo.

Quando os portugueses decidiram controlar o sul da África, lá pelo século 15, adotaram a estratégia irretocável de controlar suas duas pontas, a do Atlântico e a do Índico, e o resto viria como conseqüência. Não foi bem assim que funcionou, mas isso é outra história. As duas cidades que viraram cabeça de ponte do projeto, Luanda de um lado e Lourenço Marques (hoje Maputo) de outro, não poderiam ser mais diferentes.

Luanda é um inferno de congestionamentos, gente gritando, arranha-céus e favelas monumentais. Maputo não adquire um ar metropolitano nem na hora do rush. Ontem levei exatos 15 minutos às 18h30 do centro da cidade até o aeroporto, distante 10 km. De noite, voltando para o hotel, notei um casal correndo de maneira estranha pelas calçadas. Depois outro, depois um grupinho, depois dezenas e dezenas, inclusive um branco gordo que se matava para subir uma ladeira. Eram pessoas fazendo cooper em pleno centro da capital do país, como se Maputo fosse um grande Central Park.

Luanda torna-se uma zona proibida após certa hora da noite. Em Maputo, caminhar pelo centro de madrugada, como fiz ontem ao sair de um restaurante, é uma delícia. Luanda é feia, perigosa, Maputo tem alamedas e tiozinhos sentados nas dezenas de pastelarias da cidade, tomando seu cafezinho da tarde.


O angolano fala rápido, sorri pouco, às vezes parece agressivo a quem não está acostumado. O moçambicano é todo simpatia, e assumidamente opera em marcha lenta.

Por outro lado, é Angola hoje quem dita o ritmo cultural da África lusófona, e de grande parte da África, aliás, com suas jazidas de petróleo gigantescas, uma economia vibrante e as mais interessantes expressões culturais dessas bandas, do kuduru (uma espécie de funk local) ao rap à crescente paixão deste continente pelo basquete.

Se você quer estar onde as coisas acontecem na África, é para Angola que deve ir. Mas se quer viver bem, comer um bacalhau e um pastel de Belém e aproveitar a brisa oceânica, sua opção é Maputo.

Eduardo Gianetti

Eduardo Gianetti, iluminando nossas mentes nesses dias menos sombrios que o propalado por aí!

Genial!

Drummond por ele mesmo!

Direção: Fernando Sabino


Obama

Ontem, ao assistir o debate dos candidatos à presidência dos EUA, notei como seria importante se McCain perdesse para Obama e os EUA enterrassem de vez aquela política dos mavericks, dos patriotas que dizem saber como salvar o mudo pois "fui-a-guerra-e-sei-como-nosso-país-é-superior-e-capaz-de-liderar-o-mundo-para-a-liberdade-e-a-prosperidade."

Obama é mais presente, mais conectado com as boas práticas. Quando o vejo falar certas coisas eleitoralmente eficazes, só por esse fato, vejo que fica incomodado, que não queria estar ali falando aquilo.

Se não falar não ganha a eleição? Me parece que não.

Eleições 2008


Eu realmente não entendo toda essa nacionalização das eleições municipais. Se o Kassab ganhar é porque o Serra se capitaliza cada dia mais para as eleições de 2010, se Marta perder é porque Lula está mal das pernas .

Eu, honestamente, acredito que o crucial para as eleições municipais é a necessidade mais imediata da população, ou seja, o administrador e sua capacidade de fazer mais no dia-a-dia do cidadão. As administrações municipais são fantásticas pois as mesmas tem a obrigação de atuar na rua onde você passa todos os dias, na praça que você leva sua namorada pra tomar sorvete e seu filho pra brincar.

O Kassab vai ganhar em SP porque sua administração é aprovada pela população e a da Marta não foi quando de sua passagem pela Prefeitura.

E isso ocorreu em várias cidades do Nordeste, região onde Lula tem forte popularidade. Apoiou vários(as) candidatos(as) e vários deles(as) foram derrotados pelos(as) prefeitos(as) que fizeram uma boa gestão local.

As administrações públicas, por serem parte do cotidiano mais próximo da população, vão continuar a ser independentes do cenário nacional, embora parte da imprensa insista que não. Se o prefeito é bom ele se reelege ou elege o sucessor. Basta ter uma campanha bem estruturada comunicando bem os feitos alcançados.

Na vitrola!


Tim Maia e toda sua discografia na minha vitrola essa semana, pela enésima vez.

Ela e quem o gravou, como o Roberto Carlos que conseguiu fazer uma música do Tim ficar melhor que a versão original gravada pelo gordinho mais charmoso da Tijuca, no caso, a música Não vou ficar.

Long live Tim Maia

Eleição com cara de movimento



Eleições com cara de movimento são aquelas onde a população, cansada de uma determinada situação, muitas vezes calamitosa, se une, numa espécie de inconsciente coletivo, e passa a advogar mudanças.

E é justamente isso o que está acontecendo na cidade do Rio de Janeiro.

Depois de abrir a sua lista de doadores na internet, citando até os nomes dos mesmos, não sujar a cidade com propaganda, incluir a questão da segurança na agenda de todos os outros candidatos, o deputado Gabeira mobiliza os acadêmicos, os artistas, os músicos em torno de uma mudança possível e desejada, sem milagres nem populismos. É a volta da esperança, depois de Garotinhos e César Maias da vida.

Uma campanha limpa, inteligente, que propõe medidas como as que deram certo em cidades como Barcelona, Buenos Aires e que cresce nas pesquisas ao se notar a intenção do candidato.

Depois de começar com apenas 7% nas pesquisas, Gabeira sobe, alcançando o segundo colocado, o Bispo Marcelo Crivella. O segundo turno bate à porta.

Eu acho que essa é a grande virada a se fazer. Vale a pena dar uma conferida. Eu sempre tive no Gabeira um exemplo de político bacana, que dá pra botar uma fé, mesmo com alguns "poréns". Pra frente, jovem, conectado. Se tiver um amigo carioca, peça seu voto. É pra ter esperança mesmo...a gente ama o Rio, né não?

Site: Gabeira 43

Campanha na TV:


O Rio precisa repensar sua relação com o Funk:


Gabeira na FGV:


"O fascínio pelo nunca experimentado, pela trilha por desmatar, pelo salto sem rede e sem medos – um traço fundamental da alma carioca – parece ter sobrevivido a balas perdidas. A candidatura de Fernando Gabeira está ficando com cara de movimento."

Augusto Nunes - Jornal do Brasil

Ouça o disco!

Darondo
Let my people go
Soul, Funk, R&B

Darondo é um daqueles californianos que já foram de tudo, inclusive musico. Antigo cafetão, colecionador de esquisitices, motorista, apresentador de TV, humorista...decidiu gravar algumas faixas para ver no que dava. Fez sucesso e, imediatamente, desapareceu da cena musical. Não queria mais ser musico, decidiu sair por aí e fazer outras coisas. Hoje, dirige um Rolls Royce branco.

Artista multifacetado, daqueles que só queriam se divertir. Esse é Darondo, um músico magistral.

"Na música estava apenas sendo eu, era só um passatempo, diversão."

"Não era por dinheiro, mas sim por diversão. Talvez o seu sonho é ser um James Brown ou Frank Sinatra, mas aqueles eram apenas sonhos para mim."


Brand new world!



"A falência do Lehman Brothers é mais um sintoma de que o consumo dos Estados Unidos já passou por seu pico e agora outros países ganharão relevância, num processo de rebalanceamento mundial. Se os eventos deste final de semana irão afetar os consumidores chineses? Se a resposta é não, então isso não é tão importante."

Jim O'Neill, do banco Goldman Sachs, o primeiro a cunhar o termo BRIC, que designou os quatro países emergentes mais importantes, Brasil, Russia, India e China.

Realmente, o cenário mudou, o mundo mudou. E parece que agora é para sempre!

Confissão

É impressionante o que ela faz comigo.

Primeiro, apenas alguns sussurros. 

Depois, com o passar do tempo, uns sons a mais. Mesmo não entendendo muita coisa, me apaixonei logo de cara. Ela estava ali, presente, eu a sentia; mas nada entendia.

Aqueles primeiros sussurros, como um assobio materno, me levaram pra longe, bem longe.

Com o passar do tempo fui me acostumando com o que via e ouvia sem muita pretensão. Ficava tentando encontrar alguma resposta, querendo saber se aquilo era mesmo genuíno, se era aquilo mesmo que encantava a todos mas não tanto a mim.

Pagava pra ver, embora me sentisse lisonjeado de estar ali, escutando coisas tão lindas. 

Queria mais, mas não queria muito, pois tinha medo de não entender tudo o que me proporcionava. Dá pra entender?

O tempo foi passando e ela foi ficando cada vez mais presente. Senti que ela era dona do meu humor, dos meus pensamentos, do meu organismo...do meu entendimento. 

O que me lembro é daquilo, desde sempre, me levar além, mesmo com todas as dúvidas advindas de um não-entendimento genuíno, aquele que a beleza proporciona em um primeiro momento de deslumbramento.

Isso foi aos 13, época do rock, rebelde, grunge.

Aos 21 fui ficando cada vez mais "na dela". Até festa eu fazia, já me acostumando com as novas maneiras de se fazer, de se criar, de se dançar. Dançava com ela, de diversas maneiras, junto, separado. Um caso de amor...e de amizade, me tornando cada dia mais ciente de que eu estava crescendo, envelhecendo, da melhor maneira, ou seja, mais curioso, com o gosto mais apurado.

Hoje, sou um soldado: o que ela me oferece, o que ela me proporciona, eu aceito. 

É paixão, não posso negar. 

Ela é quase tudo na minha vida, ela é meu hobby, ela é minha inspiração, ela é meu regozijo. 

Ela é meus amigos, minha família, minhas idéias.

Sem ela, a música, eu nada seria.

Ouça o disco!

Yaron Herman Trio
A time for everything
Jazz

Yaron Herman é um jovem pianista israelense, radicado na França, considerado uma das grandes revelações do jazz nos últimos anos.

Com várias influências, fizeram um disco primoroso, gostoso e surpreendente em vários momentos. Da escolha do repertório, à virtuose de seu líder, pode ser considerado uma obra-prima.




Apoiado!

FOLHA - Que conselho daria aos outros empresários brasileiros?
AGNELLI - Investir na África, que é uma nova fronteira. O futuro está na África. Os empresários chineses e indianos estão investindo brutalmente lá. O empresário brasileiro tem de olhar para a África. Tem muitas similaridades com o Brasil, inclusive com laços afetivos. Há muitos recursos naturais, muita coisa a ser descoberta. Está no meio do caminho entre a Ásia e os maiores mercados do Ocidente. É um lugar lindo. Há países avançando institucional e economicamente, com bons arcabouços regulatórios. A África está andando para frente. A Vale está firme lá.

Entrevista dada por Roger Agnelli, presidente da Vale, à Folha de SP, dia 08 de Setembro de 2008.

McCain - Voto pela Mudança!

Liberal nem aqui nem na China!

Ontem foi divulgada a ajuda do governo americano, estimada em USD 200 bilhões, às instituições de crédito imobiliário Freddie Mac e Fannie Mae. A mesma tem como função "salvar" as duas da bancarrota, comprando 80% das ações preferencias, ou seja, estatizando-as. 

Isso se deve à alta da inadimplência dos mutuários, que atingiu 9,2%. 

As duas empresas funcionam assim: elas compram de bancos os seus empréstimos imobiliários, transforma-os em títulos e os vende a investidores. Repassam o dinheiro dos investidores a bancos, para que os mesmos possam emprestá-los aos mutuários, enchendo o mercado de recursos de financiamento à casa própria, aumentando a liquidez.

As duas  empresas, com uma carteira de quase USD 5,3 trilhões, ou seja, quatro vezes a economia do Brasil, foram pegas maquiando balanços, fraudando números, numa tentativa vã de salvar-se depois da desmesurada busca por "não-sei-o-quê" em tempos de aumento brutal da liquidez econômica.

O economista Joshua Rosner escreveu no Financial Times (15/7/08) que, "Numa economia capitalista, espera-se que os perdedores assumam as perdas e os ganhadores, os ganhos". E isso foi exatamente o oposto que se viu nessa ação do governo americano, socializando as perdas. Nesse sistema onde nada ruim pode acontecer, o Estado, ao invés de diminuir, cresce,  fazendo com que os contribuintes paguem por perdas alheias e fazendo com que uma das características do mercado, a existência de perdas e ganhos, desapareça.

Uma empresa mal gerida, hedonista na bonança, agora clama por socorro estatal e é atendida em nome do "sistema" e de sua "sobrevivência". Na época que não se precisa, diz-se que o Estado deve-se afastar. Mas, cadê a regulação? Ou será que o Estado falhou até nisso, sendo essa sua única função? Até nisso ele falhou ? Mas no socorro não deve falhar. 

Quem falhou que pague, custe o que custar. 

Quem ganha com isso tudo é o governo americano. Quem perde é o capitalismo. E o contribuinte.

Agora, o Estado americano é dono de, mais ou menos, 60% do mercado imobiliário daquele país. Parece conversa de chavista.

Saiu na Folha!

Luxo conceitual


Um Rolex parece gritar "novo rico!", pois diz que o dono veio de um grupo de baixa renda e tem algo a provar

VIRGINIA POSTREL

Cerca de sete anos atrás, Kerwin Kofi Charles e Erik Hurst, economistas da Universidade de Chicago, estavam pesquisando a "disparidade de patrimônio" entre os norte-americanos negros e brancos quando perceberam algo de notável.
Os negros dos EUA não só tinham menos patrimônio do que os brancos em faixa de renda semelhante como também uma proporção muito mais elevada de seus ativos era representada por automóveis.
O dado estatístico serviu para confirmar um estereótipo exposto em incontáveis vídeos de hip hop estrelados por cantores negros repletos de jóias: o de que os norte-americanos negros gastam muito em carros, roupas e jóias -bens altamente visíveis que informam ao mundo que seu proprietário tem dinheiro.
Mas será que o fazem, de fato? E, se esse é o caso, por que agem assim?

Riqueza de pobre
Os dois economistas, com Nikolai Roussanov (da Universidade da Pensilvânia), decidiram tratar desse tema, agora. O que eles descobriram não só oferece percepções quanto às diferenças econômicas entre grupos raciais como contesta as percepções mais comuns quanto ao luxo.
O consumo ostensivo, sugere a pesquisa que eles conduziram, não representa um sinal claro de afluência pessoal. Na verdade, representa um sinal de que a pessoa pertence a um grupo relativamente pobre.
O luxo visível serve, assim, menos para estabelecer o status positivo do proprietário como pessoa próspera do que para refutar a percepção negativa de que ele é pobre. Quanto mais rica uma sociedade ou um grupo social, menos importantes se tornam os gastos visíveis.
No que tange à etnia, a sabedoria popular se prova verdadeira. Uma família negra norte-americana com a mesma renda, o mesmo número de membros e outros indicadores demográficos semelhantes aos de uma família branca gastará 25% mais de sua renda em jóias, carros, cuidados pessoais e roupas.
Para a família negra média, cuja renda é de US$ 40 mil ao ano, isso representa US$ 1.900 a mais por ano do que para uma família branca comparável. Para compensar a diferença, os negros gastam menos em educação, saúde, entretenimento e com o equipamento e mobília de suas casas (o mesmo se aplica aos latinos).
É claro que grupos étnicos diferentes podem simplesmente ter gostos diferentes.
Talvez os negros simplesmente gostem mais de jóias que os brancos. Talvez adquiram roupas mais caras para evitar insultos racistas da parte de vendedores. Talvez simplesmente não estejam tão interessados em universidades de elite ou em TVs de tela grande. E talvez nada disso proceda.
Os economistas odeiam tautologias sobre diferenças de gosto não passíveis de prova concreta. Querem histórias que possam ser aplicadas a todos.

Certo e errado
Por isso, os pesquisadores recuaram ao trabalho do sociólogo e economista Thorstein Veblen, que cunhou o termo "consumo conspícuo".
Escrevendo em 1899, em um mundo muito mais pobre, Veblen argumentava que as pessoas gastavam de maneira desmedida em bens visíveis de modo a provar que eram prósperas. "O motivo é a emulação -o estímulo de uma comparação baseada na inveja, que nos leva a tentar superar aquilo que fazem as pessoas junto das quais temos o hábito de nos classificar", escreveu.
Seguindo essa linha de raciocínio, os economistas adotaram a hipótese de que o consumo visível permite que as pessoas demonstrem a desconhecidos que elas não são pobres.
Já que os desconhecidos tendem a categorizar as pessoas em termos de etnia, quanto mais baixa a renda de seu grupo social, mais valioso será demonstrar o poder aquisitivo.
Para testar essa idéia, compararam padrões de consumo de pessoas da mesma etnia em Estados diferentes -digamos, negros do Arkansas a negros de Massachusetts ou brancos da Carolina do Sul a brancos da Califórnia.
E, como esperavam, se nenhum outro fator variar (incluindo a renda da pessoa em questão), um indivíduo tende a gastar parte maior de sua renda pessoal em bens visíveis quando a renda média de seu grupo étnico é mais baixa.
Os negros dos EUA não têm necessariamente gostos diferentes dos brancos. São apenas mais pobres, em média. Nos lugares em que os negros têm mais dinheiro, os indivíduos negros se sentem menos pressionados a exibir o patrimônio.
O mesmo se aplica aos brancos. Compensadas as diferenças quanto ao custo de habitação, um aumento de US$ 10 mil na renda média dos domicílios brancos (montante que separa a renda média dos brancos da Carolina do Sul e da Califórnia) resulta em 13% de decréscimo no consumo de bens visíveis.
"Se tomarmos como exemplo uma pessoa que ganha US$ 100 mil por ano no Alabama [Estado menos rico] e uma que ganha US$ 100 mil por ano em Massachusetts" [Estado mais rico], disse Hurst, "a pessoa com renda de US$ 100 mil no Alabama se dedica mais ao consumo conspícuo do que a pessoa de Massachusetts".
É por isso que um relógio Rolex de ouro com diamantes incrustados parece gritar "novo rico!". O objeto sinaliza que o proprietário veio de um grupo de baixa renda e tem algo a provar. Assim, a pesquisa tem implicações que vão além da etnia.
Deve ser aplicável a qualquer grupo social definido de acordo com a visão de pessoas que estejam de fora. E sugere por que economias emergentes como Rússia e China, apesar de suas rendas médias ainda baixas, são hoje mercados tão quentes para os produtos de luxo.
As pessoas que são ricas em lugares pobres desejam exibir sua riqueza. E as pessoas menos afluentes que vivem nas mesmas regiões se sentem forçadas a forjar uma aparência de riqueza, ao menos em público.
Ninguém deseja o estigma de ser visto como pobre. Veblen estava certo.
Mas ele também estava errado. Ou pelo menos sua teoria está desatualizada. Dado o fato de que, quanto mais rico o grupo, menos vistosos os gastos que seus componentes terão, o consumo conspícuo não é um fenômeno universal. É uma fase de desenvolvimento.
A tendência declina à medida que países, regiões ou grupos específicos enriquecem. "As jóias chamativas dominam nas economias emergentes, ainda ávidas por percorrer a estrada do status via consumo de produtos", apontou recentemente o grupo de pesquisa de mercado Euromonitor.
Em determinado momento, o luxo se torna menos uma ferramenta de competição por status público e mais uma forma de obter prazer privado.
Considere-se a observação de David Brooks, em "Bubos no Paraíso" [ed. Rocco], de que, para as atuais elites de alto nível educacional, gastar US$ 25 mil reformando o banheiro é considerado elogiável, mas gastar US$ 15 mil em um sistema de som e TV de tela larga é considerado vulgar.

Visibilidade íntima
Gastar US$ 10 mil em uma banheira com hidromassagem para o quintal é considerado decadente, mas não gastar o dobro disso para criar um box de luxo no banheiro -é visto como sinal de que a pessoa ainda não aprendeu a apreciar os ritmos simples da vida.
Virtuosos ou vulgares, todos esses itens têm em comum o fato de que não são visíveis aos desconhecidos. Apenas amigos e familiares podem vê-los. Qualquer status que confiram só se aplica no seio do pequeno grupo de pessoas que você convida a visitá-lo em sua casa.
Russ Alan Prince e Alan Schiff descrevem padrão semelhante em "The Middle-Class Millionaire" [O Milionário de Classe Média], que analisa os hábitos de consumo dos 8,4 milhões de domicílios norte-americanos que construíram sua riqueza sem a ajuda de heranças, abrigando famílias cujo patrimônio total, incluído o valor dos imóveis, fica entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões.
Além da inclinação por carros exóticos, esses milionários dedicam os dólares que destinam ao luxo principalmente a serviços que pessoas de fora não podem ver: atendimento de saúde de alto padrão, reformas de casas, toda forma de instrução pessoal e férias familiares caras.
O foco é menos impressionar os desconhecidos e mais aperfeiçoar suas vidas e as de seus familiares.
O abandono do consumo conspícuo -a troca de produtos por serviços e experiências- também pode tornar o luxo mais exclusivo. Qualquer pessoa com US$ 6.000 pode comprar uma bolsa Bottega Veneta ou um relógio Cartier.
Mas, pela mesma soma, a pessoa pode se inscrever para quatro dias de palestras, na Califórnia, ministradas por inovadores famosos (como Frank Gehry, Amy Tan e Brian Greene) ou menos conhecidos. Quanto aos produtos, exibicionismo está fora de moda.
"Se você quer viver como um bilionário, compre uma cama de US$ 12 mil", diz um amigo meu que é planejador financeiro. Não se pode estacionar a cama na entrada da casa, mas ela irá durar décadas, e o proprietário poderá desfrutar de seu conforto todas as noites.


VIRGINIA POSTREL é editora da "Atlantic Monthly", onde saiu a íntegra deste texto. Tradução de Paulo Migliacci .

Esporte, apenas Esporte!

Já estou com saudades dessa grande Olimpíada!

Ouça o disco!

Peter Tosh
Live & Dangerous - Boston 1976
Reggae

Peter Tosh em sua melhor forma, logo após sair do The Wailers, banda que fundou com Bob Marley. Músicas longas, banda afinada, voz inconfundível.

Obra-prima!

Imperdível

Essa tem que conferir.

Um inglês genial decidiu criar um blog para postar as cartas que seu avô, soldado do exército inglês, enviou à família enquanto lutava nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.

E esse distinto internauta, num lance ainda mais legal, decidiu ir postando as cartas sem contar aos leitores se seu avô ainda está vivo, se ele voltou da guerra, sem maiores detalhes do autor, criando um certo suspense.

As cartas são postadas exatamente 90 anos depois de terem sido escritas, ou seja, só saberemos que fim levou toda a estória quando postarem a última carta.

Vale a pena também ler os comentários dos leitores do blog e o impacto dos textos nos leitores.

Uma pena estar apenas em inglês. Mas tem muito tradutor por aí.

Quer visitar? É só clicar aqui.

A deusa internet é mesmo fantástica.

Ouça o disco!

The Whitefield Brothers
In the raw
Funk, Soul...

Vale Tudo - Tim Maia


Já dizia o gordinho mais charmoso da Tijuca: Leia o livro!

Nova bipolaridade ?

A despeito da cirurgica e estratégicamente perfeita intervenção russa na Geórgia, depois de uma mal sucedida "invasão" georgiana nas regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkhazia, não acredito que esteja se formando uma Rússia capaz de contrabalançar a estrutura de poder do mundo de hoje.

Depois do fim da Guerra Fria, a ex-URSS tenta conduzir seus esforços no sentido de voltar ao protagonismo que até então exercia no cenário político-militar mundial. Com a alta dos preços das commodities, um investimento maciço na reestruturação de seu comércio internacional, um parque tecnológico-militar em grande avanço (com compradores em todo o mundo, como Venezuela, China, garantindo a capacidade de investimento do setor) e um presidente afeito à idéia da Grande Rússia, aquele país tem se saído bem nessa empreitada.

Mas daí afirmar que a Rússia esteja revertendo a apolaridade de poder mundial, na minha opinião, com vários atores representando certos cenários de poder, inclusive os EUA, que vem perdendo poder relativo e não soube se firmar como poder único pós Guerra Fria, é pura precipitação.

Acredito que a ordem apolar, onde a sociedade global não sofra a influência de outros países como sofrera na Guerra Fria, onde ditadores eram impostos, planos comerciais e econômicos empurrados goela abaixo, Guerras Civis financiadas e estimuladas, seja, de certa forma, uma cenário irreversível.

Explico.

Não há força motriz maior que a interdependência que existe no mundo que vivemos, onde atingimos escalas comerciais inimaginadas, fluxos de informações crescentes, fluxos financeiros, imigrações, turismo, entre outros fenômenos, que elevou a sociedade global a um patamar onde outros agentes, que não apenas os Estados, tenham força e interesses a defender. Aí incluo as ONG´s, países emergentes, fundos soberanos, culturas, as transnacionais, os bancos, organizações terroristas, partidos políticos, grandes cidades, entre outros. É a concentração de muito poder nas mãos de muitos. O poder hoje não é apenas estatal.

É, segundo os teóricos do Construtivismo nas Relações Internacionais, a construção social da política internacional, onde as idéias e normas exercem influência na formação de realidades e interesses. E afirmo, por conta própria, que interesses podem ser, sim, idéias postas e passíveis de defesa e influência da atuação estatal.

No entanto, o Construtivismo não defende que as mudanças sistêmicas, como as que estamos discutindo agora, estejam fora do alcance do Estado, como estou defendendo.

Aí parto para o argumento precípuo: atualmente, nenhum Estado conseguirá alterar o sistema que julgo ser apolar atuando como a Russía atuou, defendendo um interesse regional, contra um país frágil, desesperado por reconhecimento ocidental. Acredito que essa mudança acontecerá quando algum ator alcançar um estágio de poder capaz de mudar idéias e normas, o que é outra história.

Alcançamos um estágio de interdependência, conexão e compartilhamento tão fantásticos que só aceitaríamos a troca de influência e poder entre um estrategista militar por um burocrata afeito às normas e idéias no dia em que a consolidação das benesses da interdependência e do compartilhamente de informação forem prioridades.

Duvido que este dia esteja longe.

*Recomendo esse artigo de Richard Haass, sobre o mundo apolar, em inglês. Clique aqui.

Nunca é tarde.

"Depois de 53 anos, sete meses e onze dias e noites, meu coração finalmente foi preenchido. E eu descobri, para minha alegria, que é a vida, e não a morte, que não tem limites."

Gabriel García Marquez - O amor nos tempos do Cólera

Deixa a galera fumar em paz, Fredão!

Ok, mas que a foto é criativa.

Ah, isso é!

Saiu na Folha

TOMARA QUE SEJA LINDA

CÉSAR BENJAMIN

Agora que os Jogos começaram, torço para que o lixo ideológico se retraia, para que possamos prestar atenção nos atletas

É DEVERAS impressionante o lixo ideológico que a imprensa tem produzido ao cobrir a Olimpíada. Em geral, os repórteres buscam sempre os ângulos mais negativos, mesmo à custa de adentrar o ridículo. Vi coisas incríveis.
O locutor ressalta o caráter repressivo do regime chinês, enquanto as imagens mostram, como prova disso, um grupo de guardas de trânsito e câmeras de televisão que monitoram avenidas. O locutor fala do controle do Partido Comunista sobre as pessoas, enquanto na tela aparecem torcedores que preparam uma coreografia. Manifestações com menos de cinco indivíduos são tratadas como acontecimentos épicos. Se houver um pouco maiores, é a prova de que o povo está contra o governo. Se não houver, é a prova de que a repressão é terrível.
Ideologias não se subordinam a fatos. Elas criam fatos e se realimentam de suas criações. Formam sistemas fechados. Por isso, a China não tem saída: aconteça o que acontecer, faça o que fizer, é culpada. Se fizer o bem, é por dissimulação. Ela é má.
Atletas americanos desembarcaram em Pequim usando máscaras contra a poluição, mas tiveram azar.
Nesse dia, excepcionalmente, o ar na capital chinesa estava mais limpo que o de Nova York, de onde haviam partido. Apoiamos essas grosserias como se fossem gestos nobres.
George W. Bush, que praticamente não havia saído do Texas até se tornar presidente dos Estados Unidos, acredita que os chineses só não praticam maciçamente o cristianismo porque o governo deles não deixa. Ignora uma civilização que tem 7.000 anos de história. Ela construiu uma sofisticada visão do homem, do mundo e do cosmo, nem melhor nem pior do que a nossa, mas diferente, e sem a qual a existência humana seria muito mais pobre.
Repórteres monotemáticos escrevem todos os dias sobre falta de liberdade de expressão, carregando nas tintas, para cumprir a pauta que receberam dos chefes. Se não a cumprirem, serão demitidos. Defendem, pois, uma liberdade que eles mesmos não têm. "Os chineses estão perplexos com tantas manifestações contra o seu regime em todo o mundo", escreveu um deles, sem se importar com o fato de que em nenhum lugar tem havido nenhuma manifestação relevante.
Perplexos estamos nós, pois a China não nos obedece mais. Sua economia será maior que a dos Estados Unidos em 15 anos. Dos 200 milhões de pessoas que deixaram a pobreza na última década, no mundo, 150 milhões são chinesas. O Estado é forte, mas isso não quer dizer que seja ilegítimo. Se ainda fosse fraco, como já foi, lá continuaria a ser o lugar dos negócios da China.
Tamanhas mutações e tão complexo processo de desenvolvimento, em curto período, em uma sociedade que há pouco era paupérrima, com 1,3 bilhão de pessoas, não se fazem sem grandes contradições e problemas, que ninguém desconhece, muito menos os próprios chineses. Onde não foi assim?
As civilizações ocidentais, como se sabe, só usam a violência em benefício das vítimas. Reduzimos os índios do Novo Mundo à servidão, mas foi para cristianizá-los. Escravizamos os africanos, mas foi para discipliná-los pelo trabalho. Estamos massacrando os iraquianos, mas é para ensiná-los a ser livres. Nossa próxima missão, pelo que vejo, será libertar os chineses de si mesmos.
O problema é que eles são muitos.
Estão cada vez mais fortes. E não desejam deixar de ser o que são. Isso nos assusta. O resto é empulhação.
Agora que os Jogos começaram, torço para que o lixo ideológico se retraia, para que finalmente possamos prestar atenção nos atletas de todo o mundo. A festa lhes pertence.
Tomara que seja linda.

CESAR BENJAMIN , 53, editor da Editora Contraponto e doutor honoris causa da Universidade Bicentenária de Aragua (Venezuela), é autor de "Bom Combate" (Contraponto, 2006).

Chico Ciência



Compartilho com vocês um depoimento do Gilberto Gil sobre um dos maiores talentos da música brasileira que, em apenas 3 anos, transformou uma cena músical local em uma das mais fervilhantes cenas culturais do mundo pós-tropicalismo, o manguebeat (ou manguebit para os tecnológicos).

Firmado no mangue de Recife, Chico Science levou os ritmos regionais e a ficção científica a um limite belíssimo de arte despropositada, radiante, com um pé enfiado na lama e os ouvidos e mentes ligados nas tendências contemporâneas. Pensou localmente, agiu globalmente e localmente.

Sou fã de carteirinha, dele e de toda a galera que o acompanhou. Não me lembro de ter passado um mês sem escutá-los, desde que os ouvi pela primeira vez, em um clipe na MTV, vestidos de maracatu e com os corpos sujos de lama dizendo: "um passo a frente e você ja não está mais no mesmo lugar."

Eis o depoimento:

“Dez anos sem a presença dele... faz muita falta. Se estivesse entre nós, provavelmente estaria hoje levando avante o seu trabalho extraordinário que ele começou com o seu mundo Manguebeat lá em Pernambuco, retomando, reprocessando, redinamizando, requalificando aspectos da música popular, da vida popular, da cultura popular de Pernambuco.

Fazendo isso tudo com um gosto extraordinário pela inovação e pela renovação, pelo aporte de novas possibilidades tecnológicas de linguagem, da capacidade de leitura da realidade, outros instrumentos novos, outras ferramentas que ele trouxe para trabalhar. Um talento extraordinário em pouco tempo de vida e de trabalho deu a Pernambuco uma possibilidade enorme de requalificação da presença pernambucana na vida musical brasileira e trouxe, sem dúvida, elementos importantíssimos para a renovação da fala musical brasileira, do modo de dizer e do modo de se expressar musicalmente no Brasil.

Eu tive a oportunidade de estar com Chico aí no Recife, muitas vezes aqui no Sul, no Rio de Janeiro. Tive com ele em Nova Iorque em um programa memorável, uma apresentação conjunta que fizemos no Central Park. Gravei com ele. Tenho uma lembrança extraordinariamente fresca da presença dele entre nós. Presença que está aí até hoje, que se desdobrou. E não é à toa, não é por outra razão que a força extraordinária do empenho dele, que o Manguebeat vingou, que outras manifestações do mesmo gênero, do mesmo quilate, também vingaram em Pernambuco e em outros lugares.

Na verdade, a gente fala de um período contemporâneo da música popular brasileira. Chico é um dos grandes promotores dessa renovação, dessa efetivação de um novo tempo, de um novo período musical brasileiro. No mais, saudades.”

Gilberto Gil

Clipe de Chico com o Gil:


Cadê Roger, Cadê Roger, Cadê Roger, Ô

Bravo Gil!



Eu vou sentir saudades do Gil.

O político que, contra a opiniñao da maioria de seus fãs, botou a mão na massa e tentou mudar/influir em uma agenda que afeta a todos, a da Cultura.

Foi contra aqueles que dizem que sempre deve-se botar a "mão na merda" para fazer algo de bom. Foi lá e fez, ao contrário dos resmungões que assistem as oportunidades de influir passarem pela janela só por que possuem "mãos limpas".

Quem disse que pra fazer projetos como o Pontos de Cultura, ampliar a participação das estatais no patrocínio cultural, fazer das novas tecnologias potenciais receptoras de patrocínio, fazer dos games um ponto cultural, democratizar o acesso a cultura, precisa-se jogar do lado de lá, o lado dos maus?

A experiência pessoal do Gil foi totalmente aberta, contra estereótipos, coisa de artista visionário, que previlegiou a experiência a viver e a oportunidade de se fazer.

Ele cresceu, participou de discussões importantes em fóruns os mais diversos, trouxe a questão dos resultados à área cultural, discutiu a importância econômica das indústrias criativas, elevou a culinária regional ao nível de bem cultural, levou o Brasil ao mundo. Meu ministro de terno e dread locks, que orgulho!

E ainda fez um som com o Kofi Annan, tocando "Toda menina baiana" na Assembléia Geral da ONU.

Ainda bem que todos temos opções.

Obrigado, Gil!

"Gosto da idéia do serviço desinteressado, que talvez venha da minha relação com o mundo religioso, com a idéia de servir ao próximo”

“Feijoada é cultura, acarajé é cultura, o queijo roquefort, para os franceses, é cultura. Cultura é o grande símbolo da relação dos homens com a vida”

Previsão

Em 1968, há exatos 40 anos, Robert Kennedy, irmão do presidente John Kennedy, disse em uma entrevista para um jornal americano que "Os EUA caminham para ter um presidente negro em 40 anos. Estamos lutando e progredindo para isso. Não aceitaremos o staus quo."

Robert Kennedy também foi assassinado, assim como seu irmão, enquanto fazia campanha para a indicação democrata a presidente. Político hábil, eminência parda no governo do irmão, morreu quando era dada como certa sua vitória nas eleições daquele ano.

Ele disse que em 40 anos os americanos teriam um presidente negro. Repito: há exatos 40 anos. E Barack Obama está muito próximo de fazer valer a profecia.

Robert Kennedy foi um homem visionário e com senso histórico aguçado.

Minha admiração.

Veja o vídeo, em inglês.

A história sendo escrita



A passagem do pré-candidato democrata à presidência dos EUA Barack Obama por Berlim, onde fez um discurso para mais de 200 mil pessoas, é daqueles tipos de evento onde eu, apaixonado convicto, boto minha cara a tapa e reconheço a importância do mesmo para a grande história desse universalmente minúsculo planeta.

Ver um grande líder falar em "construir pontes e derrubar muros" em um local onde um muro marcava um mundo dividido é deveras significativo.

Obama falou de tudo o que realmente interessa: comércio, paz, fortalecimento e reforma de instituições multilaterais, energia, meio ambiente. Falou, no coração da Europa, que os europeus precisam fazer mais, tanto em questões de segurança quanto econômicas, ou seja, demonstrou que a cooperacão é essencial. A Europa, tão acostumada a acusar os EUA pelos vários problemas que o mundo tem hoje, ouviu que também precisa participar. Nada mais animador já que ele foi saudado como herói...e disse a verdade, nem sempre boa de se escutar.

Reunir 200 mil pessoas na coluna da Vitória não é pouca coisa. Reacendeu velhos ideias americanos e europeus, dividiu responsabilidades, mostrou a que veio. Se ele vai virar a casaca? Não sei. Se ele vai ser apenas mais um na política americana? Não sei. Só sei que esse negro, filho de pai mulçulmano, neto de quênianos, educado em madrassas indonésias, de sobrenome Hussein é o mais significativo produto da capacidade e da possibilidade que a democracia possui de oferecer opções.

Estamos vivendo um momento histórico. Essa é a minha singela opinião.

"Todos estão céticos com o processo político. A liderança parece ter perdido substância. A política parece ser mais um negócio que um missão. Sinto que as pessoas acreditam que o poder sempre triunfa sobre os princípios. Mas, ao mesmo tempo, acredito piamente que estamos todos conectados de alguma maneira."

Obama, 2004

Discurso histórico em Berlim. Clique aqui.

Recomendo um discurso que Obama fez na convenção democrata de 2004. Visionário e pacificador. Clique aqui.

Vídeo de sua campanha ao senado de 2004. Clique aqui.

Fernando Braudel

"A economia mundial é a superfícia de vibrações mais ampla possível, que cria uma uniformidade de preços numa área vasta, como um sistema arterial que distribui sangue através de um organismo vivo. É uma estrutura em si mesma."

"O capitalismo no passado, diferentemente do atual, ocupou apenas uma estreita plataforma da vida econômica. Se elegeu certas áreas como residência é porque eram as únicas que favoreciam a reprodução do capital. Entretanto, no início do século XX, o capitalismo foi sendo adaptado às exigências de nacionalismos e bem-estar social de tal forma que suas operações foram-se afastando progressivamente dos princípios do mercado."

Fernando Braudel

Deu no El País


Bill Gates e Michal Bloomberg juntos na luta antitabagista


Como ando acreditando cada dia mais na atuação de fundos privados para o desenvolvimento, como o administrado por Bill Gates e sua esposa, trago aqui a primeira grande aparição do fundador da Microsoft após sua saída da mesma.

Junto com o prefeito de Nova York Michael Bloomberg, Gates lançou uma campanha contra o tabagismo destinada a países em desenvolvimento de cerca de 500 milhões de dólares. Hábito esse que mata cerca de 5 milhões de pessoas, mais do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas. O projeto financiará iniciativas de apoio a quem deseja parar de fumar, proibir anúncios publicitários, proteger os não fumadores da exposição contra o cigarro, entre outras.

Sendo um problema de saúde pública, a iniciativa é muito bem vinda.

Inspirada na idéia das cidades sem fumo, que começou em Nova York e já espalhou para diversos países, a idéia é financiar projetos semelhantes em países em desenvolvimento, livrando-os dos custos econômicos e sociais que a epidemia de tabaco traz. Dinheiro e esforços esses que poderiam estar focados em coisas mais importantes do que nesses custos facilmente evitáveis.


Matéria completa, clique aqui.
Não gosto da direita. Porque é de direita.
E também não gosto da esquerda. Porque é de direita.

Millôr

Adão Iturrusgarai



Espanha, Comunidad de Madri, Madrid, Alcorcón, Parque Lisboa, Porto Colón...

Metro, EMT, Night Bus, AVE, Vueling, Alsa, Alitallia, TAM...

Meson Las Tejas, Caprabo, Cafeteria de la Complutense, Eroski, Carrefour Express, Jamón, Pintxos, Musli, Quesos, Vinos, Starbucks, Pans and Co., Cañas, Tapas...

Mahou, Estrella Damm, Vodka, Caipirinha...

ICEI, SED, Club de Madrid, Universidad Complutense...

Blanca, Pablo Aguirre, Aida, Irene, Iris, Luiza, Pablo Uribe, Alberto, Natalia, Jaione, Camilo, Fernando, Katia, Rocio, Patricia, Paloma, Marina, Anabel, Iria...

Argentino, Sanahuja, Alberto Begué, Paco Rey, Alonso, Rafael Padilla, Mario, Nacho, Rogelio...

Paco, Inmaculada, Manolo, Luis, Miguel, Mario...

Andalucia, Extremadura, Castilla la Mancha, Castilla Leon, Catalunya...

Kel, Balde, Tifu, Lais, Tininha, Ricardinho, Carol Arantes, Fred Nóbrega, Anne (e filho/a), Cesc, Cabral, Marcelinha, Camila, Taci, Gilbertão, Vanessa, Lorena, Rafael, Patrícia, Luiza, Cris, Mãe, Pai, Rogério, Karlinha, Joanna, Rui...

Eu vou ficar a vida toda lembrando de cada um desses momentos e levo, dentro do meu coração, a certeza de que o amor e a experiência caminham juntos.

Levarei vocês em meu coração e nas minhas melhores memórias. Esse tempo não voltará nunca mais, mas me fará abrir um sorriso nas lembranças e derramar uma lágrima na saudade, sentimentos de quem foi cativado, e muito.

Amo vocês, minha família espanhola.
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O Homem

-"No momento em que eu ia partir
Eu resolvi voltar"

Vou voltar!
Sei que não chegou a hora
De se ir embora
É melhor ficar...

Vou ficar!
Sei que tem gente cantando
Tem gente esperando
A hora de chegar...

Vou chegar!
Chego com as águas turvas
Eu fiz tantas curvas
Prá poder cantar...

Esse meu canto
Que não presta
Que tanta gente
Então detesta
Mas isso é tudo
O que me resta
Nessa festa!
Nessa festa!...

Eu!
Vou ferver!
Como um cão vulcão em chamas
Como a tua cama
Que me faz tremer...

Vou tremer!
Como um chão de terremotos
Como amor remoto
Que eu não sei viver...

Vou viver!
Vou poder contar meus filhos
Caminhar nos trilhos
Isso é prá valer...

Pois se uma estrela
Há de brilhar
Outra então tem que se apagar
Quero estar vivo para ver
Oh!
O sol nascer!
O sol nascer!
O sol nascer!...

Eu!
Vou subir!
Pelo elevador dos fundos
Que carrega o mundo
Sem sequer sentir...

Vou sentir!
Que a minha dor no peito
Que eu escondi direito
Agora vai surgir...

Vou surgir!
Numa tempestade doida
Prá varrer as ruas
Em que eu vou seguir
Oh!
Em que eu vou seguir!
Em que eu vou seguir!...
-------------
Raul Seixas

Até na Espanha



Hoje assisti a corrida de Mônaco e, no final, Barrichelo, depois de uma corrida cheia de acidentes e abandonos, conquistou 1 ponto suado, depois de um ano e meio sem marcar.

Depois da linha de chegada, o narrador, entusiasmadíssimo, vibra com o "sucesso" de Barrichelo:

- Sonen las trombetas, los cannones, fiesta, fiesta, después de mucho tiempo Barrichelo gana 1 punto. Debe estar tan feliz cuanto el ganador, Lewis Hamilton.

Até aqui zoam o cara. ;)

Madrid y Universidad Complutense







Dados

Lendo sobre possibilidade de negócios em países em desenvolvimento, comecei a procurar dados acerca de um conceito denominado "capital morto" por um grande autor do desenvolvimento, chamado Hernando de Soto.

"Capital morto" consiste em propriedades não regularizadas em países pobres, que poderiam ser usadas para conseguir um crédito, vender para conseguir um capital, entre outras coisas que se pode fazer com uma propriedade registrada. Ou seja, você tem o capital mas não o possui nem pode fazer nada com ele.

Números:
Na África contabiliza-se 1 trilhão de dólares em capital morto (3 vezes o PIB de todo o continente).
No mundo todo contabiliza-se 9 trilhões.

Tudo isso porque não existe um mísero sistema de registro de direitos de propriedade nesses países.

Imagina toda essa grana sendo usada para produzir.

Embaçado, não?

Fonte: Hernando de Soto, The mystery of capital: why capitalism triumphs in the West and fails everywhere else (New York: Basic Books, 2000), 35-7

Rodolfo Chikilicuatre

Todos os anos, desde meados da década de 1960, um festival de música inter-países, chamado Eurovision, é realizado na Europa.

Todos os países indicam seus representantes depois de acirrada disputa pela TV, onde os telespectadores participam da escolha de seu artista preferido.

Esse ano, depois de muita polêmica e gritos dos puristas, a Espanha elegeu a Rodolfo Chikilicuatre, criação do ator David Fernandéz, que concorreu com a música Baila el Chiki-Chiki.

Até agora é a música mais acessada no site do Eurovision, fazendo com que os espanhóis tenham fé novamente em seu participante, muito carismático, um personagem. Está em vários programas de TV, falado por todos, cantado pelas crianças...etc!

Com o aumento do número de membros na União Européia também aumentou o número de concorrentes a esse que é o maior evento cultural paneuropeu, aproximando as diferentes nacionalidades e culturas. Um bom exemplo de convivência vecinal.

O festival é bem "água-com açúcar" e, convenhamos, de gosto duvidoso e, mesmo assim, a Espanha não consegue ganhar com seu flamenco nem com outras tentativas mais ao "gosto" do festival.

Dessa vez vão tentar ganhar com um personagem que tem um topete enorme, uma guitarra de brinquedo e um sotaque argentino postiço.

Uma atitude meio "vamos mandar o mais piada porque gostamos". E não é que pode dar certo?

Bem que poderia haver um festival desse na América, não?

Podem falar mal, mas que isso une os países e é gostoso torcer por seu representante isso é.

Eu vou torcer pela Espanha.

Abaixo o vídeo de Rodolfo Chikilicuatre e seu "Baila el Chiki Chiki".

Uma figura!

Da série: boas propagandas espanholas

Campanha AMIGO, da operadora de celular Movistar.

Muito engraçado.

Tom Zé

Pensando no post abaixo, sobre as mulheres no governo espanhol, me lembrei do disco "Estudando o pagode: na opereta segrega mulher e amor", do Tom Zé, que é uma opereta sobre discriminação da mulher.

O disco todo é sobre esse tema, da violência de gênero, estética. E tem uma música que gosto muito, que abaixo reproduzo:

Mulher Navio Negreiro

Composição: Tom zé

Mulher – Divino Luxo – Navio Negreiro

O macho pela vida
Se valida
A molestar a mulher
Se diverte.

Apavorada,
Ela, que se péla,
Pouco pára de pé,
E padece.

Quando ele pia, pia, pia,
Pra inibir na mulher o animal,
Talvez eu ria, ria, ria,
Vendo ele transar uma boneca de pau,
Com seu incubado,
Calado, colado, pirado pavor
Do segredo sagrado.

Por isto existe no mundo
Um escravo chamado

Mulher – Divino Luxo – Navio Negreiro
Graal – Puro Cristal – Desespero
Rosa-robô – Cachorrinho – Tesouro,
Ninguém suspeita dor neste ideal,
A dor ninguém suspeita imperial.

Eucaristia – Ascensão – Desgraça,
Filé-mignon – Púbis, Traseiro – Alcatra,
Banca de Revista – Açougue Informal – Plena Praça,
Ninguém suspeita dor neste ideal,
A dor ninguém suspeita imperial.

Mulheres no comando

Depois de tomar posse no cargo de primeiro-ministro, José Luiz Rodrigues Zapatero, o chefe de governo espanhol, tomou uma decisão carregada de simbolísmos em um país abertamente machista, com taxas altíssimas de violência contra a mulher.

Nomeou 9 mulheres e 8 homens para os cargos ministeriais de seu governo, num ato bastante criticado e discutido por todos os meios de comunicação espanhóis. Uns criticam dizendo que o gênero foi colocado acima da competência e outros elogiam dizendo que foi um ato corajoso.

O importante, na minha opinião, é a mescla. Todas elas já provaram ser líderes em seus campos de atuação e preparadas para o cargo. E, além do mais, acho que é muito importante inserir as mulheres em postos os mais diversos, num processo de empoderamento de gênero muito importante, que já devia ter sido feito há mais tempo.

Agora, outro ponto forte de discórdia é a nomeação da Ministra da Defesa. Mulher, grávida e com histórico nacionalista catalão bastante reconhecido e questionado pelos espanhóis. Uns se deleitaram vendo ela tomar posse hoje e dizendo:

- ¡Viva España! ¡Viva el Rey!

Outros ficaram estupefatos ao verem uma "inimiga" tomar conta das armas nacionais.

Foto do primeiro-ministro com as ministras:

Vídeo da Ministra da Defesa, Carme Chácon, grávida de 7 meses, tomando posse no cargo.


Parabéns Zapatero.

Uma boa oportunidade para os espanhóis perceberem que nacionalismos e machismos não levam a nada.

Madrid, Extremadura, Portugal, Andaluzia...

Eu precisarei ver e rever as fotos que tiramos nessa viagem, que fiz com meus pais pela Espanha e por Portugal, para entender, um dia, quem sabe, a emoção disso tudo.

A vida da gente tem uns momentos incríveis, onde nada é maior, nada pode ser mais legal, que nada pode substituir. E, posso dizer-lhes, que um dos meus maiores desejos foi realizado.

Em todas as minhas viagens penso nos meus pais, em compartilhar (verbo infinito) aquilo que vejo com eles. Mas como sei que os olhos da gente são os olhos deles, fico tranquilo.

Eles viveram tudo o que eu já vivi.

E vão ver tudo o que ainda vou deslumbar, pois sei que os fôlegos perdidos são sentidos...e isso é o melhor de tudo.

Só faltou o Fer :(

Mesmo assim, obrigado família. Obrigado amigos. :)

Um pouco do nosso roteiro:

Mérida, Extremadura - Cidade entre Madrid e Portugal, chegamos lá na Sexta Feira Santa.



Depois de Mérida fomos a Évora, em Portugal. Cidade pequena, alentejana, com mercados e igrejas lindas. Comemos um bacalhau a brás delicioso lá :)


Depois de tudo, Lisboa, chegamos pela ponte 25 de Abril, a emoção tomou conta. Como víamos a palavra Paiva por todo lado, nos sentimos ainda mais em casa. Cafés, bacalhaus, praias, praças, Fernando Pessoa, Cabo da Roca, encontro com a família Pantaleão, Sintra...dá pra ver pelas fotos.







Depois veio Andaluzia, sul da Espanha, onde visitamos Sevilha e Granada. Uma mistura riquíssima de espanhol com árabe. Vale muito a pena ir. A herança deixada pelos árabes depois de 777 anos de ocupação ainda é muito forte, séculos depois. A Alhambra, palácio do Califa em Granada, é uma das obras mais incríveis que vi na vida. Gostamos muito de tudo.

Sevilha:





Granada:






De volta a Madri, uma semana de passeios, descobertas e muitos, muitos bons momentos.





Inesquecível!